De Carona com a Família {O retorno!}
Roatrip em família pelo Litoral Norte Brasileiro
Novamente tudo conspirou a nosso favor e tudo deu certo para o reencontro com a família acontecer. Uma pena que só uma parte dela, mas mesmo assim a alegria foi muito grande. A saudade dos outros queridos que não puderam vir vai ter que apertar por mais um tempo…
Chegamos em Belém alguns dias antes do esperado, o relevo praticamente plano, o trajeto quase todo asfaltado e uma balsa que economizaria 100km até a capital paraense foram alguns dos fatores que colaboraram para nossa chegada antecipada. Mas o fator principal a colaborar para andarmos mais rápido foi, é claro, a farta oferta de açaí batido na hora justo na beira da estrada, teve dia que chegamos a tomar 1,5L de açaí puro cada um. Algo como meio litro de açaí no café da manhã, meio litro de almoço, meio litro de lanche da tarde, sempre regado com rapadura ou farinha de mandioca. Amigos, não façam isso em casa,rsrs, açaí até dá aquele pique no pedal, mas depois você sofre os efeitos colaterais no banheiro. É tenso!
Por grande sorte e ajuda de pessoas que até então só conhecíamos pela internet, conseguimos um cantinho tranquilo para esperar pela chegada dos pais da Ana, que vinham de carro até nosso encontro. De Belém nos despedimos dos queridos amigos que nos receberam, Robinson, Jô e Lupa, e dissemos adeus aos encantos de sabores da cidade. Seguimos de carona mais uma vez com a família.
Primeiro dia de viagem com a família, ainda perto de Belém.
Estipulamos que iríamos no máximo até Fortaleza. Precisamos limitar o trajeto, caso contrário eles iriam fazer de tudo para nos trazer de carona até em casa. Isso pularia alguns bons meses de estrada, mas e quantas experiências e lugares lindos deixaríamos de conhecer? Viajar de carro em família é muito gostoso, mas só a bicicleta nos dá a liberdade e possibilidade de entrar em contato com culturas e pessoas, e mais ainda com a natureza. Sem falar que nos habituamos ao exercício físico diário, e muitos dias sentados só olhando a estrada passar vai dando nos nervos, hahaha. Enquanto não chegamos em Fortaleza, vamos aproveitar a ótima companhia e experimentar uma maneira diferente de curtir uma viagem, uma road trip em família pelo litoral norte do país.
Levando os pais para provar o Guaraná delicioso da Amazônia em Barreirinhas
Pulando de felicidade ao conhecer a região dos Lençóis Maranhenses. Finalmente usando umas roupas diferentes que a mãe trouxe, hahaha.
Praia desértica em Atins. Sufoco e carro duas vezes atolado na areia fofa pra chegar até aqui.
Cenários de outro planeta. Lençóis Maranhenses, praia de Atins
Texturas nas dunas do Parque.
Jericoacoara ao entardecer. Pôr do sol no mar, em pleno Brasil é só aqui.
Ultima pôr-do-sol do ano, não poderia ter sido em lugar e companhia melhores!
Entardecer de tirar o fôlego no dia que nos despedimos de 2013, um dos melhores anos de nossas vidas.
Família unida passa perrengue junto. A gente até topa ficar em hotel de vez em quando, principalmente quando o motorista está muito cansado, mas todo mundo vai ter que entrar na dança do acampamento pelo menos uma vez na viagem!
Passamos o Natal em Barreirinhas, com direito a muitas atoladas do carro na areia fofa, e fazendo o pai passar um sufoco como motorista. Mas pra sorte dele os passageiros eram fortes o suficiente para empurrar o carro nos trechos mais críticos de areia solta. Nunca sacolejei tanto na vida, foi praticamente um curso intensivo pra peão de boiadeiro. Por pouco a caravana não tombou, com toda tralha de acampamento e bicicletas no teto e tudo mais. Dirigir em areia fofa, mesmo com pneu bem murcho não foi nada fácil. Aí fiquei imaginando nós com a bicicleta carregada por ali, teria sido insano, pra aproveitar conhecer bem a região do Parque o ideal pra gente seria só com uma mochilinha leve nas costas. Depois retornar ao hotel na véspera de Natal, contabilizamos os estragos do sacolejo. Entre xícaras quebradas e panelas tortas, salvaram-se todos. Dia 25 partimos para Jericoacoara, também por dentro do Parque dos Lençóis Maranhenses, numa região que chamam de pequenos lençóis. De Barreirinhas nos confundimos em algumas bifurcações, quase atolamos algumas vezes na areia fofa de novo, pegamos algumas balsas de madeira e andamos pela areia da praia, (desta vez não era areia solta, ufa!) até chegar em Jericoacoara, onde buscamos algum acampamento disponível, já que nesta época do ano tudo está superfaturado, superlotado. Assim conseguimos descansar relaxadamente sem ter que vender os rins por aqui.
O ponto negativo de acampar em pleno reveillon, é que a galera geralmente é da bagunça noturna e passa o dia a roncar dentro das barraca-saunas (como aguentam nesse calor?!). Como nós não somos muito de balada (nossa praia é bem outra), os vizinhos de barraca nos apelidaram de Família Flanders, porque a meia noite desligamos o lampião (que era nosso) e fomos assistir um filme na barraca. Na manhã seguinte queríamos curtir a paisagem dos arredores bem cedinho pra começar 2014 com ótimo astral, e não de ressaca suando numa barraca.
Paisagens de Jeri, CE.
A pedra furada que pelo folheto turístico parece imensamente maior.
Disseram que pra chegar na pedra só de a pé pela trilha. Mas era mentira!
Trilha para chegar até a Pedra Furada
Mar de Jericoacoara.
Passeio das Lagunas de água doce. Que delícia!
Férias da bike, só na folga!
Mãe e filha curtindo altas confusões, passeio de buggy.
Reveillon en Jericoacoara, uma multidão na duna para assistir ao último sol se despedir em 2013.
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Jericoacoara estava mesmo cheia neste final de ano, mas se fôssemos para outro lugar próximo possivelmente não teríamos onde dormir, já que pular sete ondinhas nós não fazemos nenhuma questão mesmo. Então tivemos de nos contentar de estar em multidão até dia 01. Depois segiumos pra Fortaleza, mas não visitamos a cidade. Escapamos pelo anel viário e fômos parar em qualquer prainha tranquila, onde pretendíamos curtir mais alguns dias em família antes de montar as bicicletas outra vez.
Jericoacoara no último dia do ano de 2013.
E 2013 já diz tchau! Amanhã um novo e maravilhoso ano começará!
Praia de Fortim, lugar da despedida.
Meus pais já conheciam Fortaleza, e nossos parentes que vivem por aqui estavam visitando a família lá pro sul, então não teríamos como visitá-los, o que seria o principal motivo para entrar ao centro da cidade. Assim rumamos para uma praia tranquila ao sul de Fortaleza e fugimos da muvuca de trânsito, e viemos parar em Fortim, um vilarejo com praias pacatas. Ficamos numa pousada barata com um belo desconto pós reveillon, que ficou quase com o preço do camping de Jericoacoara, e ainda tinha uma tapioca de coco no café da manhã que poderia ganhar o prêmio da melhor tapioca da viagem, e só não ganhou porque ainda temos todo o litoral nordestino para percorrer. Só que depois de passar meu aniversário (Ana escrevendo por aqui, oi!) junto com os pais, chega o momento difícil da viagem em família, a hora de nos despedirmos e encarar o desconhecido outra vez.
Por mais que passemos por esta situação pela segunda vez, despedida nunca é fácil e sempre é muito emocionante. O coração dispara, bate o medo, vem a tentação de seguir de carro até em casa e logo estar no conforto da família e perto dos amigos, realizar os próximos sonhos que estão em mente… mas tudo isso precisa ser enfrentado porque nosso sonho agora é conhecer o Brasil pedalando, e sabemos que a saída mais confortável e fácil não será a mais prazerosa e a mais divertida. Então nosso vício em perrengue segura firme por nós e damos um abraço forte nestes dois queridos que tanto amamos e esperamos que eles cheguem bem em casa e tenham força para esperar mais uns meses pela gente. Sabemos que o coração de nossos pais sofrem com nossa escolha, isso de não dar notícia todo dia, e a sensação de que o mundo é um lugar hostil. Mas nós precisamos seguir nossos sonhos e arcar com as consequências de nossas escolhas, porque é assim que nos sentimos vivos e felizes. Não sabemos quando estaremos de volta, quando será o próximo abraço, por isso é tão forte e triste este momento, mas é estranho o fato de que no mesmo instante sentimos uma força atuando em nós, uma excitação com a continuidade da viagem de bike. A eminência de viver algo desconhecido assusta e seduz ao mesmo tempo.
Tudo de zóio inchado da choradeira da despedida. Novamente o incerto, o desconhecido, a apreensão e a adrenalina do recomeço. Logo nos vemos pai e mãe, só mais um pouco de pedal e estaremos em casa! Espera mais um tikim, vai dar tudo certo. Beijos e obrigado por estes dias lindos que passamos juntos!