3 semanas de Carona – 2de3
Ao dia seguinte um tour por Bariloche, encontramos um restaurante vegetariano que servia veganos, compramos nossos sonhados dois quilos de chocolate numa lojinha de dietétca, passeamos toda o dia, e não encontrando lugar acessível para passar a noite, nos mandamos para a mesma cabaña em Angostura, para ficar mais próximo do camping Vilarino para o dia seguinte.
Vimos dois ciclistas indo ao sul, entre Vilarino e Angostura. Nos instalamos no camping num rincãozinho mais afastado da badalação turística, que nesta época já é fraquinha. Uma pena que os morros estavam já com a neve derretida pelo verão que nos deixa por estes dias.
Passamos duas noites aí, mas mamãe não conseguiu dormir. Muita escuridão, muitos receios, muitos animais selvagens fazendo ruídos noturnos. Um rato bagunceiros nos visitou ambas as noites, e algumas vaquinhas pastando tiraram o sono da família.
Mas mesmo sem dormir, descansamos, jogamos peteca ao entardecer ensolarado, fizemo fogeira, que não nos aquecia, pois ventava, mas empestiava nossas roupas com cheiro de fumaça. Camping sem fogueira em família não tem graça! Nos distraímos com a beleza da paisagem, as aves, os peixinhos e alguns cavalinhos tímidos nos visitavam de vez em quando.
Seguimos a San Martin e Junin de los Andes, um vento forte e frio fez as paradas de fotos ainda mais rápidas, toda paisagem passava rápido demais pela janela. Depois seguimos por Zapala, Malargue, San Rafael e Tunuyan. Esperávamos voltar a encontrar as deliciosas frutas secas da região, e maçãs, muitas maçãs deliciosas. Em Tunuyán, em nossa passagem de bicicleta esperávamos encontrar o gordinho que vendia o doce de maçãs que André tanto falava.
Encontramos a banquinha, não o esperto menino que comia castanhas porque o Maradona disse que faziam bem à saúde, tampouco o doce. Compramos maçãs e seguimos frustrados. À noite a mãe fez uma torta de maçãs para apaziguas as “bixas” do garoto que há meses sonhava com a tal marmelada. Revemos os belos vulcões desta região da Ruta 40, que está sendo refeita em partes. Algumas horas de bom asfalto, outras de terrível rípio. Vimos até uma “pelea” de um zorrito com um cabrito no meio da estrada.
Passamos por Uspallata outra vez. Os pais também, “desceram” para o Chile por este paso. Daí nos perdemos em nosso rumo ao norte graças ao GPS tecnológico, que é diferente de nosso G(uri que) P(ergunta) S(abe). Almoçamos sob a deliciosa sombra de uma árvore solitária no meio da estrada, o almoço cozido na noite anterior. Em San Jose de Jachal paramos abastecer o auto e quem encontramos, no posto de gasolina, assitindo ao futebol? Galina, Florin e Stefan.
Os dois primeiros foram os ciclistas que encontramos lá em Rio Grande, Terra do Fogo, eles enfrentavam um tremendo vento contra, e nós um tremendo vento a favor. Depois mais 3 vezes nos encontramos pela patagônia Chilena. E agora aqui, neste calor da 40. Queriam nos convencer a baixar as bicicletas do carro e seguir com eles pedalando para o Paso San Francisco, rumo ao deserto de atacama. Resistimos, eles seguiam dizendo que “The bikes don’t belong to the car, c’mon guys!”, “As bicicletas não pertencem ao carro, por favor né gente!”. Rimos um bocado uns minutos com essas figuras.
Chegamos em Chilecito (ainda em carro) ao entardecer, depois de um bloqueio na estrada causado por algum protesto que não conseguimos descobrir o motivo. Paramos descansar um dia aí e aproveitamos o amplo espaço da cabaña para organizar novamente as bicicletas, pois em uma dia ou dois estaríamos em Salta, cidade onde nos despediríamos novamente dos pais, e encararíamos a dura carretera “solitos” outra vez. Em Cafayate fizemos uma parada turística nas ruínas de Quilmes, e também pela cidade, cheia de lojinhas com produtos indígenas. Aproveitamos para comprar umas blusas de lã que iríamos precisar para o altiplano. Pensávamos (e nos vendia a vendedora) que eram de lã de alpaca. Mas depois vimos tantas desde lá até a Bolívia, que suspeitamos que só podem ser feitas na China.