Bariloche de bike
No dia seguinte ao pouso no ponto de ônibus em Dina Huapi, nosso destino era a casa de amigos de uma amiga, 20 km distante do centro de Bariloche, mas queríamos chegar no mesmo dia em Bariloche de bike.
Ainda teríamos 40km pra fazer no dia, mas enfim um banho de chuveiro! Isso era animador, apesar do vento louco que soprava neste dia na nossa cara, e quando não, de lado nos jogando pra pista intensamente trafegada. Foi a manhã inteira pra fazer 20km.
Chegamos ao centro de Bariloche de bike irritadíssimos, e ainda fomos ao banco tentar descobrir o que acontecia com nosso cartão. Quanta uruca!
Enquanto eu esperava o André, passam dois caras e falam “Maluco, essas bikes são brasucas!”. E não é que eram os dois ciclistas de que nos falaram em Las Lajas?! Que coincidência doida rapaz. Eram Davi e Arthur, que gente finas.
Animaram nosso dia! Ficamos de papo o resto da tarde, nos protegendo do vento numa padaria quentinha. André até descolou uma calça nova, o Davi viu o estado lastimável da calça do André que já estava apodrecendo depois de 5 meses de viagem, e como ele estava voltando ao Brasil, ofereceu trocar as calças com André.
Um presentão! Nos contaram que ficaram no mesmo camping que nós em Tunuyán, e que também dormiram no quartinho dos vigias. Encontro totalmente inesperado em Brasiloche.
Infelizmente tínhamos ainda mais 20km pra fazer até a casa onde ficaríamos uns dias, então era preciso enfrentar o vento louco lá fora. O Lago Nahuel Huapi formava ondas dignas da praia mole, e o trânsito não ajudava muito, outra coisa que nos fez lembrar Floripa, parecia o trânsito da Osni Ortiga, uma diliça pra pedalar, sabe como é?! Nosso humor não estava dos melhores. Vento contra dá nos nervos, ainda mais somado ao transito louco. Argh!
Mas, passou! Chegamos à casa dos amigos depois de 1,5km de estradinha de terra. Que paraíso! Casinhas no meio do bosque, uma paz. Nos receberam Bianca e Lizzi, muito simpáticas e queridas, jantamos todos juntos sob o olhar da gata Thay, que ainda não era muito nossa amiga. O vinho somado ao cansaço ajudou a embalar nosso sono, camas, uau! O resultado veio na manhã seguinte, dormimos demais.
Nos dias que se seguiram não conseguimos nos encontrar novamente com amigos ciclistas brasileiros. No centrinho garimpamos excelentes lojas de integrais em e nos abastecemos muito bem de comida e refizemos as reservas adiposas.
Tivemos sorte de poder ficar vários dias nessa cidadade, pois foi possível fazer várias trilhas caminhando, mas não tivemos coragem de pegar as bikes pra pedalar por lá. Primeiro fomos à uma trilha no parque Municipal Llao-Llao, depois subimos ao refúgio Lopez e por último ao Refúgio e Laguna Frey.
Muito bom poder deixar as coisas em lugar tranquilo e poder explorar as montanhas e paisagens de Bariloche, ficamos encantados com o lugar. Nos bosques de Bariloche demos a sorte de ver muitos Pica-Paus Gigantes, aqueles negros cujo macho tem a cabeça e topete vermelho.
Só não pudemos andar de teleférico, os preços não ajudaram nadinha, e a estrada já nos chamava de volta. Era tempo de botar as rodinhas na ruta de novo.
Boas lembranças trazemos de Bariloche! Só uma passagem por lá foi um pouco desagradável, mas um tanto engraçada. No dia que retornávamos do trekking de dia inteiro pelo Cerro Lopez, esperávamos o penúltimo ônibus que nos traria de volta à casa, e só passava de 2 em 2 horas. Estávamos moídos! Desacostumados a caminhar.
Chegando o horário do ônibus, 60 senhorinhas turistando começaram a lotar o ponto de ônibus, desrespeitando totalmente a fila que se formava. O busão lotou, as senhorinhas se acotovelavam e nos empurravam para entrar antes no latão.
Voltamos literalmente exprimidos e ficando tontos de tantos flashes rebatendo nos vidros das janelas. O motorista voava, e aquele cheiro de roupa de lã guardada o ano inteiro, em meio a curvas e mais curvas foi deixando o estômago mareado.
Em cada descida embalada ou curva as senhorinhas davam gritinhos histéricos, parecia excursão de colégio. Ainda bem que desceríamos antes do centro. Ufa! Mas quase não conseguimos sair do busão, dada a lotação. Ao menos o motora ouvia um rock n’roll de bom gosto, pra compensar a cantoria das senhorinhas da igreja.
Somos muito gratos à Damiana e ao Jaime que nos ofereceram um lar por estes 10 dias, à Chica por ser esse anjo da guarda da nossa viagem, à Lizzi e Bianca por nos recepcionar e nos ajudar estes dias, ao Ruy pelas dicas da estrada, ao Peli pela simpatia imensa, e até a gata Thay, que depois ficou nossa amiguinha e até pulava no colo pra receber carinho.
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