Descida dos Andes e os vinhedos e pomares de Mendoza
Em Potrerillos procuramos por campings, mas o único perto que nosso corpo aguentava chegar era absurdo, 77 pesos para uma noite pros dois, no Automóvil Club Argentino (ACA). Aca não, ECA! Caríssimo. Ainda bem que um senhor dono de pousada nos deu a dica na entrada da cidade, a represa inundou parte da vila, de modo que um dos campings foi inundado.
Mas, pela estiagem o lago está abaixo do nível normal e o local onde foi o camping está acessível, nos disse que aí seria tranquilo acampar. Fomos pra lá, havia uma placa “Proibido acampar, peligro inundación”. Besteira, não vai inundar num dia, né? Vamos botar a barraca num local escondidinho e boa.
Mas no início da noite o coração dispara com faróis muito fortes rebatendo por todos os lados da barraca. Será a polícia? Vamos tomar uma multa? Vamos presos? Vão apreender nossas coisas de camping? Ficamos quietinhos e esperando. Era só um carro fazendo a volta (ou não!), pois a pista estava parte inundada, a antiga ruta 7 mudou de lugar por causa disso.
Na manhã seguinte tratamos de sair rapidinho dali. Novamente descidas até a planície, tendo às costas a Cordilheira dos Andes se revelando cada vez mais à medida que nos afastávamos dela. Parece ainda mais nevada de longe.
O movimento na Ruta 7 foi ficando impossível, não conseguíamos nos manter na pista. Por sorte vimos uma placa indicando a estrada pra Tupungato. O asfalto era ruim, mas a vista dos vinhedos e a estrada toda arborizada e cheia de sombra nos agradou muito. Pegamos uns 4km de rípio até Ugarteche e aí sim a Ruta 40.
Na 40 pegamos um trecho de autopista nova, acostamento maravilhosamente liso e a pista com movimento ainda pequeno pra ser duplicada, mas aí mudou de nome e é pista provincial 15. Depois deste trechinho é 40 de novo, o acostamento acaba e a pista dupla fica simples novamente, mas a estrada em construção nos levou mais uns km’s pra perto de Tunuyán, onde começou a ficar intermitente.
Tunuyán é conhecida pela produção de maçãs. E que maçãs! Além de a região de Mendoza produzir muitas frutas, por isso encontramos muitas frutas secas a bom preço. Precisamos ficar mais um dia por aqui pra conseguir fazer a última dose da vacina de tétano e nos abastecer para o próximo trecho ermo que vamos pegar, de Pareditas para El Sosneado pela 40 não pavimentada. Os supermercados aqui são bons e pudemos pesquisar preço no dia das extravagâncias gastronômicas.
Experimentamos alcayota e aspargos. A primeira é ideal pra doces, mas como não tínhamos açúcar fizemos uma sopa com cabotiá. Os aspargos são “muy ricos”, e deu vontade de ter comprado mais, porque aqui são bem mais baratos que no Brasil. Depois estendemos a vida útil de uma barra de chocolate ao derretê-la e banhar os figos secos e cobrir com côco ralado. Que se f@dam os alfajores de Dulce de Leche! Ficos secos com chocolate e côco arrebentam! Sem falar que os figos ganhamos da tia da loja de frutas secas, que simpatizou conosco.
Estávamos preparados pra partir no dia seguinte, mas amanheceu chovendo e com previsão de chuva pro domingo também. Como estamos hospedados de graça no camping municipal que não pode botar barraca, desde o primeiro dia nos arrumaram um quartinho que não é usado e dormimos tranquilos e sem precisar nos preocupar com mijos de cães e com armar barraca. Nos deixaram tranquilos pra ficar mais uns dias até a chuva passar. Mas acabou que hoje nem choveu. Se amanhã nos parecer firme, seguimos viagem. Só não estamos a fim de pegar chuva no rípio da 40 no próximo trecho que parece ser longo e de subidas.