Pedal-empurral ao camping em Naufragados
Por AnaVivian
Naquela ensolarada manhã de sábado, acordamos cedo e as bicicletas já estavam preparadas na noite anterior. Eu tinha ido dormir já de madrugada, pois tinha que terminar um trabalho pra segunda-feira, mas não queria perder o final de semana. Incrível que acordar cedo, depois de dormir pouco, é tão mais fácil quando o motivo vale a pena!
Encontramos com Duan na entrada da ponte. Lá estava ele na compania de seu chapelão de palha e com um sorriso de orelha a orelha. Depois de alguns minutos de conversa zarpamos! Já no sul da ilha, ali pelo Ribeirão, paramos num mercadinho que não foi uma boa idéia, melhor teria sido trazer algumas coisas de casa. Logo depois, uma feira livre com brócolis chinês a R$1? Tá de brincadeira?! Levamos quase tudo que ainda restava na feirinha do bairro. Inclusive o pão de milho e o amendoim!
O trajeto até o sul da ilha foi uma perfeição. Quase perto já da entrada da trilha, ao início de uma subida curta, uma fonte de água corrente nos passou despercebida. Duan nos chamou. Era a empolgação das subidas tomando conta! Voltamos e ah! Que beleza. Água gelada pra resfriar o corpo. Molhamos a roupa toda pra continuar o pedal mais fresquinhos (mas a água não durou muito tempo com aquele sol). Lavamos os brócolis, e epa! Alguém lembrou de trazer papel higiênico?
Paramos no que seria o último mercadinho do caminho. Papel higiênico foi na cestinha, e ainda ganhei um apelido pouco digno por ser a única a lembrar que urtiga pode não ser uma boa idéia na hora de pedir socorro pro mato! Rimos até a barriga doer por conta disso. E não conto o apelido que ganhei nem por decreto!
Chegando na trilha, tive que pedir ajuda aos universitários. Que, no caso, era apenas André e Duan. Pois é, sobrou pra eles a tarefa de carregar a minha bike nos trechos mais íngrimes de trilha. Culpem a evolução da humanidade, meninos..dizem que em geral, mulheres tem menos massa muscular do que os homens. Daí pra frente foi um “empurral”, não um “pedal”. Mas consegui transpor os obstáculos na maior parte do trecho.
No meio da trilha, literalmente, montamos nossa cozinha temporária. Cozinhamos a lentilha com arroz e brócolis (inclusive os talos), enquanto aguardávamos a amiga Patrícia que estava vindo de ônibus. Almoçamos. A Pati e um amigo chegaram e seguimos calmamente a trilha que já estava no quase. Ufa!
Chegamos na praia e fomos direto para o “pico”. André já tinha acampado por lá antes. Montamos as barracas, jogamos conversa fora ao sabor de um mate, fizemos reconhecimento da área e tratamos de preparar já a janta. Acender uma fogueira, catar umas lenhas, conseguir água com alguns moradores do local, e a noite logo brindou sua graça.
No outro dia, amanhecer nublado e chuvoso, dia que poderia ser chato mas não foi, absolutamente! Enquanto preparei os alimentos pro almoço, os homens foram catar marisco nas pedras da praia. Estava incrédula até que chegaram com uma camisseta transformada em sacola forrada de marisco! Uau! A nossa fogueira cozinhou rapidinho os Mariscos ao Bafo, veja só que cardápio! Mariscos orgânicos!
Depois da “mariscada”, fomos passear de “jangada”. Duan encontrou uma prancha, catou um cajado, e lá foi o aventureiro remar nas águas escuras do banhado. Eu só não fui porque o tal barco molhava a bunda, e era meu último par de roupas secas. É, essa aventura eu perdi!
No outro dia teríamos que retornar. Ah, quando eu vou pro mato não tenho vontade de voltar. Mas a obrigação me esperava, e ao André também. Apenas o Duan pôde ficar um pouco mais. Sorte dele, pois o dia amanheceu espetacular! Dia de sol quente e água azul cristalina no mar.
Ah, tínhamos que voltar mesmo? No retorno a trilha pareceu mais fácil, subidas menos íngrimes, descidas não muito longas. Já na estradinha, encontramos uma árvore de pitanga carregadíssima, toda laranjada! Já “élvis”! Ela ficou verde de novo. Colocamos uma porção na minha cestinha e fomos pedalando e deliciando-se com as pitangas maduras.
Depois de chegar em casa, trabalho! E eu fiquei um dia inteiro tendo que me apoiar para sentar e levantar. Dores musculares. Não, não foi a dificuldade da trilha, muito menos o pedal! Isso foi culpa da fogo-de-chão do nosso camping. Pois sim, era todo o tempo agachando e soprando aquele bendito fogo de madeira molhada. Tudo pelos mariscos-ao-bafo! Ah, delícia!
Quanto nos custou esse final de semana? Menos de R$10 pra cada um. Foram 3 dias com translado, refeições (uh-la-la!), fitness ao ar livre, hospedagens inclusas e passeio de “janga-prancha”. Quer coisa mais chique que isso? Ah, e totalmente carbon-free! Tcharammmm!!!
Ps: Os gases gerado pelas flatulências provenientes do excesso de ingestão de mariscos ao bafo foram neutralizados com a pulverização de sementes de pitanga que um dia nascerão nos terrenos que estão ao longo trajeto por onde passamos.
Mais fotos aqui!