Porto Alegre – Florianópolis pela Serra
Após o encerramento do Fórum Mundial da Bicicleta com chave de ouro, arrumamos tudo e voltamos para a estrada.
Aproveitamos a estrutura que Porto Alegre oferece de metrôs para adiantar a nossa volta. Pegamos o primeiro metrô que permite a entrada com as bicicletas (9:00) e fomos até São Leopoldo. O pedal neste dia se extendeu até a noite quando arranjamos um belissímo gramado em Gramado-RS, muito obrigado ao casal que nos acolheu!
De Gramado pegamos estradas duríssimas e outras excelentes até São José dos Ausentes. Então seguimos para Bom Jardim da Serra em mais de 70km de estradas de chão muito ruins porém cheias de surpresas. A colheita da maçã nos deu energia para seguir já que fomos presenteados diversas vezes com dezenas de maçãs. A chuva nos deu tempo para descançar pois vinha com tamanha força que a única coisa a fazer era parar e se abrigar, instantes após a chuva, o sol reaparecia lembrando que ainda estávamos no verão.
O acampamento antes da fronteira RS/SC foi em Várzea, uma pequena comunidade onde a principal fonte de renda vem da colheita da maçã. Nesta comunidade procuramos por alguns tomates/alface para complementar a janta, mas tudo que encontramos foram enlatados, queijo e bixo-morto em formato de salame, grande variedade de salgadinhos, além de cervejas e refrigerantes.
Resolvemos ficar apenas com milho em conserva o que nos gerou um pequeno problema: a lata, no caso lixo. No outro dia de manhã nos despedimos de alguns moradores e perguntamos se poderíamos deixar o nosso lixo alí para que algum caminhão coletasse, então veio a resposta: “Puraqui não passa caminhão de lixo não… Mas se quiser pode deixar aí que depois tacamos fogo junto cos nossos…”. No mesmo instante arranjamos um espaço extra nos alforges para levar a lata conosco… Pois então, como em um local tão pequeno como este chegam estes industrializados mas não existe coleta de lixo adequada?
Nossa latinha foi até Bom Jardim da Serra por estradas que causaram lágrimas na Ana, pedalar com prazo curto nem sempre é fácil. Todo o desespero passou quando nos aproximamos do ponto alto da viagem, A Serra do Rio do Rastro que prometia tirar lagrímas por outros motivos. Ao chegar no final da tarde a neblina nos deu 5 segundos de trégua para ter noção do que nos esperava no dia seguinte.
O acampamento no mirante da serra foi sensacional, com direito a banheiro, janta e sobremesa de maçã preparadas por nós e também uma chuva que chovia para cima ao lado do paredão da serra. As 5 horas da manhã levantamos enrolados em nossos sacos de dormir para ver as estrelas darem lugar ao sol em um dos lugares mais bonitos do Brasil.
A descida de mais de 20km deixou a chegada até Tubarão bastante tranquila. Como nosso tempo estava curto, decidimos pegar um ônibus de Tubarão até Florianópolis e deixar com que o petróleo fizesse o esforço por nós. Pegar um ônibus depois de tantos dias pedalando é muito estranho, parece que nos teletransportamos até Florianópolis.
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