Mar, como assim?!

De Paraná ao Mar

De Paraná, província de Entre Rios até a Laguna Mar Chiquita em Miramar.

De Paraná ao Mar

Saímos do Parque Nacional pela manhã com uma baita vontade de continuar por lá. Ainda bem que o vento a favor nos deu um empurrãozinho até o final do dia, se não era capaz até que a gente voltasse ficar mais uns dias por lá. No início estávamos um pouco receosos em relação a travessia do túnel subfluvial. Alguns nos diziam que não era permitido passar pedalando, outros diziam que teríamos que pegar balsa, e outros ainda diziam que podia pedalar lá sim. Com a dúvida na cabeça fomos até lá pra conferir e todos os receios se mostrarão vãos, pois os funcionários do pedágio do túnel nos deram toda assistência e atenção e nos transportaram em um caminhãozinho até o outro lado, já na província de Santa Fé. Foi nossa primeira carona da viagem, quase 3km em um túnel construído na década de 60.

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Passado o túnel, outra preocupação nos afligia, passar pela capital Santa Fé. Cidades grandes nunca são tranquilas de cruzar, e com esta realmente não foi diferente. Do túnel até o início da área urbana foi moleza, pois a autopista possuia acostamento pavimentado sem obstáculos, novíssima e com pouco movimento. Mas esta foi a única compensação, pois ao entrar na área urbana demos de cara com um intenso movimento de carros e caminhões, periferias com pista suja e pavimento ruim. Pegamos a avenida Costaneira e passamos momentos tensos. Sempre olhando para o retrovisor , tiramos para a grama quando dois caminhões vem lado a lado na pista, e aí um abraço pra furar um pneu. Que ótimo, penu furado em pleno acostamento de grama de uma avenida super movimentada na periferia de uma cidade grande. Enquanto o André troca a câmara do pneu da minha bike, eu fico de vigia com o spray de primenta em punho. Foi a troca mais rápida de pneu da história, hehe!

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Seguimos até a cidade de Santo Tomé (agora da província de Santa Fé), e logo na entrada da cidade um ciclista faz sinal para pararmos conversar. Se chama Daniel Inhoff e nos convidou a almoçar em sua casa. Ficamo com receio de início, mas depois de conversar um pouco aceitamos seu convite. Daniel foi campeão argentino de Moutain Bike em 2001 e em uma época de sua vida construiu bicicletas reclinadas e organizou competições desta modalidade. Suas bicicletas super velozes eram sempre as campeãs. Que coincidência, nas duas cidades Santo Tomé, de Corrientes e de Santa Fé, nos acolheram competidores de MTB!

Neste dia continuamos a pedalar, pois o vento estava muito bom em nossas costas. Mesmo assim não conseguimos chegar ao povoado de Sa Pereira pois a estrada foi virando e o vento nas costas foi ficando lateral e nos freando. Assim paramos em um botequim na estrada e conseguimos um local gramado para acampar. Na manhã seguinte pulamos cedo para tentar chegar em San Francisco.

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Desde Santo Tomé a autopista estava com acostamento pavimentado, mas haviam terríveis obstáculos, como mini-lombadas triplas, a cada 100 ou 200 metros e com a bike carregada era impossível passar. Então a cada pouco precisávamos entrar na pista, o que dificulta avançar em velocidade. Ao menos servia para nos distrair das planícies, lavouras e criação de gado até onde o horizonte alcança.

Em San Francisco, novidade! Acabou o acostamento. Entrar nesta cidade foi tão tenso quanto passar por Santa Fé. Conseguimos um lugar para pernoitar quando paramos perguntar a um senhor por informações, ele falou com um amigo e nos conseguiu autorização para pernoitar na cede campestre da Sociedade Espanhola. Entre San Francisco e Fronteira, a cidade ao lado, há uma rua movimentadíssima, e passando por ela parecia que estávamos pedalando na Índia. Carros antigos, novos, caminhões fumacentos e muitas, muitas motos mesmo, e quase nenhum condutor com capacete, alguns tiravam finas de nós, outros nos podavam pela esquerda, pela direita, um barulho dos infernos! Até que chegamos ao centro e que linda cidade! San Francisco mantém muitas construções antigas conservadas, e o centro possui muitos boulevards arborizados.

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Finalmente consguimos encontrar o local indicado pelo senhor, no Prado Espanhol. Passamos uma noite tranquila, mas na manhã seguinte não me sentia muito bem e ameaçava uma chuvarada no céu. Decidimos tentar encontrar um hotelzinho barato ou CouchSurf. O único hotel que havia um preço razoável, mas ainda assim caro pra nós, estava lotado. Enviei uma mensagem para um CouchSurfer e ficamos pela cidade caminhando e pesquisando preços de hotéis, já que não haviam campings. Nisso um rapaz nos aborda e se apresenta como ciclista, deu seu endereço e se precisássemos pernoitar na cidade ofereceu pouso em sua casa. Aceitamos o convite e procuramos sua casa na hora da ciesta. O Sandro já foi duas vezes ao Chile em bicicleta, e disse que há uns anos atrás passou um ciclista brasileiro viajando de Florianópolis a Ushuaia, que tinha ficado na casa de um amigo seu. Nos mostrou o cartão do tal ciclista, e que coincidência, era do Ricardo Brughman que estava falando. O André já leu e releu o blog dele há uns tempos atrás. Um monstro do pedal, foi e voltou de Floripa a Ushuaia em 3 meses, dá pra acreditar?! (o Blog dele confinsaustrais.blogspot.com)

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A tardinha passamos nas bicicletarias da cidade a procura de um bomba de ar, pois a nossa apresentou defeitos. Parecia ter mais bicicletarias em San Francisco que em Florianópolis. No dia seguinte a chuva parecia que ia acalmar, partimos cedinho da casa do Sandro. Já na rua caiu uma chuvinha mas pensamos ser besteira pouca. Paramos no Hipermercado na saída da cidade para comprar alimentos para os próximos dias até Villa Maria. Enquanto estávamos lá o mundo desabou em água e a cidade ficou toda alagada. Impossível continuar o pedal. Tentamos  nos comunicar com o Couchsurfer que havia nos respondido, o Gaston, e ele prontamente disse que viria até nós. Mas, a cidade estava mesmo alagada e ele não conseguiu chegar. Nisso o dono da bicicletaria que havíamos passado no dia anterior, e que era um senhor muito simpático e atencioso, aparece no mercado e diz pra irmos com ele. Não entendemos direito, e ele explicou que o Gaston era seu sobrinho e que haviam conversado sobre nós. Outra coincidência en San Fran! Fomos de carona no furgão da bicicletaria, em direção à casa Quinta, onde ele iria nos acolher para aquela noite. Tentativas de passar em várias ruas, todas muito alagadas, nem bicicletas arriscavam passar. Chegamos ao local e ficamos muito confortáveis naquela noite. No dia seguinte o tempo melhorou e seguimos viagem. Passamos na bicicletaria para devolver as chaves e agradecer imensamente o resgate!  Que gente boa encontramos em San Francisco, vamos sempre lembrar destas pessoas simpáticas, hospitaleiras que conhecemos.

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No dia anterior estávamos decididos  ir por um caminho ao sul, mas ainda tínhamos a indicação de conhecer Mar Chiquita e as Serras de Córdoba. Por isso deixamos que o vento escolhesse por nós o caminho. Se fizesse vento sul, iríamos um pouco mais ao norte conhecer mar Chiquita e as serras, e se fizesse vento Norte, seguíamos o caminho ao sul em direção a Villa Maria. Como o vento foi sul e fortíssimo rumamos ao Norte e fomos parar no Mar.

Mais fotos desta parte da viagem em nossa galeria aqui.

Um comentário

  1. sei que o perigo anda constante..mais nam se preocupem, jah está com vcs..e como amantes da natureza e filhos do sol e do vento e do mar…ele lhe guiará pelos caminhos..abraços,,,e louco por mais relato e fotos!!xeros!!

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