O encanto de Bariloche quase nos fez perder a hora. Quase 90 dias na Argentina, nosso visto estava estourando, era preciso entrar no Chile o quanto antes para renová-lo. Mas queríamos percorrer o Parque Nacional Los Alerces, e entrar ao Chile por Futaleufu sem pressa. Em Rio Vilegas, um pouco mais ao sul de Bariloche, nos informaram na gendarmeria que havia um passo fronteiriço, mas que não seria possível seguir pelo Chile, seria mais de 40km de ida e mais 40km de volta, pelo rípio do vale do Rio Manso. Nos disseram que a estrada estava boa e não havia muitas subidas. Na nossa infantil e esperançosa inocência, acreditamos neles, e seguimos rumo à fronteira esperando estar de volta ao asfalto ao meio dia do dia seguinte. Ou ainda, tentar uma carona até a fronteira e voltar.
Quanto mais avançávamos pior ficava o rípio e menor o movimento de autos. Mas alguns dias de folga para seguir pelo Parque Los Alerces nos inspirava a seguir. Ao menos a paisagem era linda! O Rio Manso e suas águas turquesas. Arranjamos um gramadinho nas margens do Rio Foyel para dormir e seguir mais um pouco no dia seguinte. Por enquanto ainda estava fácil, a aventura nem estava começando. Foi um sufoco chegar à fronteira. Para chegar até os Carabineiros do Chile e carimbar nossa entrada/saída uma odisséia.
Nos falaram que havia uma ponte pra cruzar o rio, mas chegando lá ela estava quebrada. Ok, não se preocupem, o barco é gratuito e o barqueiro leva vocês as 14h pro outro lado e depois traz de volta. Beleza ainda eram 12h. Vamos conversar com o barqueiro e a história não é bem assim. Ele poderia nos levar para o outro lado, mas não poderia nos trazer de volta, porque o motor do barco não andava bem, e as bicicletas teriam que ficar do lado Argentino. “Tá mas moço, como fazemos pra voltar?”, “Ah, tem o carril, pelo cabo vocês puxam o carril e voltam.”,”Tá mas, pro carril ir pro outro lado, alguém tem que ir pelo carril pro outro lado!”. Ok, tio do barquinho era louco, vamos de carril mesmo, pelo menos é garantido. Só que, o tal do carril, era há uns nem-quero-pensar-quantos metros de altura e o rio tava lá em baixo. Lá fomos nós, eu segurando as coisas e o André no muque puxando o carril com a alavanca. Chegamos ao outro lado vivos! Ufa, nada caiu lá em baixo. Aí seriam mais 20 minutos de caminhada até o carimbo. Parece gincana de escola! Carimbamos, voltamos, puxa o carril, desta vez tive que ajudar a fazer força.
Chegamos ao lado argentino de novo. Taran-taran-tarammmmm! Missão cumprida e comprida. De tão cansados, almoçamos e tiramos uma soneca na sombra das árvores enquanto o sol estava muito forte e o calor intenso. Ainda teríamos 1km de empurrar a bike morro acima até o carimbo final da Gendarmeria, e mais os 40km de volta.
Não conseguimos fazer os 40km no mesmo dia como imaginávamos porque o rípio estava realmente terrível, e muito menos carona, os carros sempre estavam indo no sentido contrário ao nosso! Quanto sofrimento por conta de um carimbo! De uma burocracia idiota e uma multa um tanto quanto salgada…Ficamos de novo no Rio Foyel e seguimos no outro dia, rumo à El Bolson e suas flores.
Mais fotos da viagem, confiram na nossa Galeria de Fotos aqui do blog, ou comentem nas fotos lá do álbum do Facebook.