Enfim, alcançamos nosso primeiro grande objetivo da viagem, chegamos ao sul de nosso continente, e agora? Nos sentíamos um pouco estranhos, que faremos agora? Não temos muitas opções de caminhos a seguir para o norte, só podemos realmente ir ao norte agora. Teremos que percorrer o mesmo caminho na Terra do Fogo, não há muita alternativa. E desta vez os ventos serão predominantemente contra.
Entramos no acordo de seguir pedalando e esticando o dedo, pedindo carona pelo caminho, pelo menos até os caminhos serem diferentes novamente, outras estradas e outras paisagens. Conseguimos um bocado de caronas neste trecho de Ushuaia até Puerto Natales, a maioria delas esticamos o dedo e fomos atendidos por pessoas atenciosas e solidárias, e uma delas foi sem pedir, o caminhoneiro parou e disse que colocássemos as bicicletas pra cima, era cedo, 8h da manhã e o vento estava feroz, ele deve ter sentido como lutávamos com o vento.
Passamos outra vez na Padaria de Tolhuin, e conhecemos mais ciclistas que faziam um descanso antes de chegar a Ushuaia, e Santiago nos deu excelentes dicas de trajetos em nossas futuras pedaladas pelo norte de Chile, Argentina, Bolívia, Peru e Colômbia. Daí fomos parar em Rio Grande de carona, seguimos pedal no fim da tarde e acampamos ao lado da estrada em uma atípica tarde sem vento. No dia seguinte ele nos golpeava demais, e paramos na aduana a tentar outra carona.
Mas que nada. Tivemos que pedalar! A uns 30km enfrentando o vento contra no rípio terrível paramos fazer um lanche, e de longe vemos que vem “voando” uma van branca. Esticamos o dedo e o furgãozinho derrapa freando, o cara disse “Vamos chicos, estou sem carga, até onde querem ir?”. Parecia mais um milagre, fomos parar novamente no continente e no mesmo dia chegamos a Punta Arenas pedalando no dia apenas 70km.

Reencontramos o dono do Hostel Independência, o carismático Eduardo, e mais alguns viajantes que fizemos amizade nos dois dias que ficamos lá, “descansando” do pedal. Aproveitamos para nos abastecer super bem com todas as guloseimas que tínhamos direito, porque os preços de Punta Arenas não encontraríamos tão cedo nestas terras agrestes do sul, tampouco tanta opção. Como pretendíamos fazer um longo trecho sem passar por cidades ou povoados até Villa O’Higgins, tratamos de nos abastecer muito bem.
Seguimos pedalando de Punta Arenas até Puerto Natales, todas tentativas de carona frustradas, e quando desistimos, um caminhão pára e nos leva. Mas antes disso, passamos uma noite no rodeio de Villa Tehuelches na compania de uma cicloviajante francesa de 62 anos, que está viajando pela América do Sul a um ano e meio, e com Sérgio, chileno jovem viajando com equipamentos poucos, mas suficientes, simples e corajoso, que nos deu todos os detalhes relevantes para o paso Rio Mayer. Também passamos uma noite ventosa abrigados em um refúgio que chacoalhava com o vento forte e que mal nos deixou dormir.
Finalmente em Puerto Natales compramos o restante dos mantimentos, que nos dava suficiência para pelo menos 20 dias, já que não planejávamos parar em El Calafate, nem em El Chaltén em nosso caminho de volta ao Chile, Carretera Austral, via Paso de Rio Mayer.
Sabe pessoal, sou fascinada para conhecer esses lugares pedalando, mas, nao tenho uma turma assim, bem animada, se pudesse, me juntaria com voces, gosto de comida vegetariana , acho que seria fantastico!!!!!!
Olá Leonice, busque por grupos de pedaladas na sua cidade e proximidades, também há o grupo do Cicloturismo Brasil, que sempre promove encontros bem animados e com objetivo de confraternizar e trocar ideias, bem como difunde roteiros mais amigáveis aos cicloturistas, porque já contam com uma estrutura para receber melhor o ciclista, como rede hoteleira, sinalização específica, etc. Neste próximo mês de junho haverá o encontro nacional, no final do mês. Procure mais detalhes na página do clube http://www.clubedecicloturismo.com.br. Nós estaremos lá com uma palestra sobre nossa viagem que já dura quase dois anos. Por enquanto nós (eu e André), estamos numa viagem de bicicleta a sós, como casal. Se no futuro viermos a realizar alguma pedalada em grupo, divulgaremos na fanpage (www.facebook.com/pedarilhos) e aqui no blog. Também há mulheres que por não encontrarem uma turma animada, ou simplesmente por gostarem da própria companhia, vão sozinhas mesmo assim, como é o caso de nossa amiga Maria Cristina, ou Carol Emboava do Giramerica, são uma boa fonte de inspiração para sair por aí sem depender de companhia disponível. O importante é não deixar de curtir paisagens e passeios por falta de companhia. Abraços e bons passeios.